Domingo de Outono é de acordar mais tarde que o normal, fazer um pequeno-almoço mais calmo, pôr o corpo a mexer. Almoçar em família e saborear cada garfada e cada palavra, sem pressas! Ver a chuva a cair ao calor do fogão e confortar o estômago com um chá quentinho na caneca de estimação. Ter tempo para ler, descansar e trabalhar. O Outono proporciona estes momentos mais tranquilos, bons para pensar, para meditar. O Outono é bom. Pelo menos, ao domingo!
Estas manifestações dos taxistas contra as restantes plataformas de transporte de passageiros deixam-me sempre um bocadinho incrédula e com vontade de bater numa série de gente. Por sorte, tenho o meu carrinho e desloco-me para todo o lado nele sem problemas pelo que não necessito nem de taxistas nem de uber/cabify e vejo esta guerra um pouco à distância. À hora de almoço e movida por alguma curiosidade sobre vida selvagem, vi uma ou outra coisita sobre a manifestação e surgiram-me (mais uma vez) algumas perguntas:
1. Afinal, o que reivindicam os taxistas?
Legislação equitativa para todos. Dizem eles! Porque eu fico baralhada quando os oiço já que defendem leis que estabeleçam direitos e obrigações para todos por igual mas a forma como se manifestam deixa no ar a ideia de que querem ser superiores às restantes plataformas. Prova disto é que sempre que viam algum motorista do "inimigo", os taxistas desataram a arremessar pedras, ovos e pontapés e ameaçaram os motoristas! Não satisfeitos com tamanha estupidez ainda exigiram que a polícia impedisse os ditos motoristas de "trabalhar" quando a polícia tem apenas como função garantir a segurança e a ordem na manifestação.
2. Será que esta é mesma a melhor forma de lutar por direitos iguais?
Cheira-me que não. As greves e manifestações são legais e não devem ser impedidas de jeito nenhum. No entanto, aqueles que nelas participam devem fazê-lo de forma civilizada, com energias apontadas para os motivos da sua luta e não desatando a destruir carros, agredir e maltratar pessoas e prejudicando milhares de pessoas que se tentavam deslocar na cidade e para fora dela (para o aeroporto, por exemplo). Vi cenas absolutamente lamentáveis de taxistas arrogantes e mal-educados, a tratar os jornalistas como se tratassem de amigos de infância e a agredir polícias como se estes tivessem alguma culpa da situação em que se encontram!
3. Será que os taxistas não terão algo a aprender com estas plataformas de transporte?
Está-me a aparecer que sim. Aliás, de dia para dia acho que têm mais para aprender. Não digo que tudo corra bem nas outras plataformas e que tudo corra mal com os taxistas. É claro que não. Mas há aspetos que prejudicam claramente os taxistas e que deveriam ser encarados como estímulo à mudança e não como motivo de agressões! Mas isto sou eu, que não passo de uma pessoa que também faz concorrência aos taxistas, já que ando no meu carrinho para todo o lado! Voltando à questão, acho que os taxistas têm que pôr pés ao caminho sob pena de não perderem os poucos (segundo eles) clientes que têm. Nomeadamente, ao nível do civismo. Provavelmente, se necessitasse de ser transportada, o táxi passaria para segunda opção, pela falta de educação, respeito e civismo demonstrada por alguns taxistas. A consistência dos argumentos que apresentam também não é lá grande coisa já que defendem com unhas e dentes leis iguais para todos trabalharem mas comportam-se como se só eles pudessem trabalhar. Tenho para mim que os taxistas não querem legislação justa para todos, os taxistas não querem mesmo é concorrência! Caso contrário, não teriam desatado aos pontapés sempre que passava um veículo deste género e deixavam a quem de direito a responsabilidade de proibir ou permitir a circulação deles! Acho que é nestas atitudes que perdem a razão que poderiam ter! Outro aspeto que marca pontos a favor da uber e cabify é mesmo a aparência. De tudo: carros, motorista e protoloco associado. Já utilizei táxis e nunca a uber ou cabify mas confesso que, por vezes, fiquei desiludida com as condições do taxi em que seguia, não por serem antigos ou desconfortáveis mas por virem frequentemente perfumados com cigarro e suor. Um autêntico deleite! Para rematar em beleza, a postura do taxista que sendo algumas vezes arrogante (já aconteceu comigo) ainda têm uma certa tendência para se enganarem no caminho ou para fazerem mais três ou quatro quilómetros só para aumentarem o valor da corrida (também já aconteceu comigo)! Tudo isto bem somadinho, é capaz de não ter um resultado positivo para os taxistas. Já para não falar na forma como a uber e cabify têm reagido a tudo isto mantendo firme o mesmo argumento dos taxistas de que deve existir legislação para todos mas não partilhando da forma como os taxistas a defendem!
Como já disse, não sou utilizadora de nenhum dos meios mas parece-me que com estas ações violentas e sem nexo, os únicos prejudicados são mesmo aqueles que se manifetstam injustiçados e, claro, aqueles que se precisam de deslocar, com ou sem carro. Com ou sem uber. Com ou sem cabify! Por isso gente, ponham-se finos. Lutem nas vias legais e sem agressões verbais e físicas porque se continuarem a defenderem desta triste forma a vossa causa, garantidamente, quem ganhará não serão os taxistas. Mas esta, é só a minha perpectiva!!!
Enquanto trabalhadora "a recibos verdes", os direitos passam apenas por um: direito a trabalhar! Quais descontos para a reforma, qual quê?! Pago tu-di-nho com a miséria que ganho: seguro de trabalho, IVA, IRS, segurança social...no fundo, tudo aquilo a que o Estado acha que tem direito mas não os concede a ninguém! A par disto, ando todo o santo dia com o meu carrito na estrada (e, infelizmente, ele não consome água nem ar) e nem essas despesas são contempladas para, pelo menos, atenuar a sensação de roubo que sinto quando tenho de fazer algum pagamento às finanças! Há dois anos que trabalho assim mas mantenho a dificuldade em aceitar que as condições sejam tão precárias. O mais lastimável é que somos milhares a trabalhar a (falsos) recibos verdes e nada parece mudar! Como se isto já não fosse mau que chegasse, há ainda aquelas instituições que se "esquecem" de liquidar os honorários. O trabalho está (mais do que) feito, a papelada está toda preenchida, entregue e assinada e...nada! Há uns meses conclui um trabalho que disto é exemplo! Aposto que os meus recibos já devem ter uma camadinha de pó tão generosa que nem se distinguem as letras mas suspeito que ainda lá vão continuar à espera que alguém levante o seu real rabo da cadeira e prossiga os pagamentos! Mas não vale a pena ter pressa! Toda a gente sabe que somos exageradamente bem pagos e só entregamos os honorários para não confundirmos os recibos verdes com as notas de cem euros que temos a forrar a secretária!
Sou menina para criar uma petição (daquelas online, que toda a gente assina no calor da indignação mas que não chegam a lado nennhum) para criar um feriado todas as quartas (vá, a cada duas semanas)! A tranquilidade com que se vive a segunda-feira é tão mas tão maior que acho que ganhei uns anos de vida só com isto. Para além disso, a terça-feira passa a uma velocidade estonteante. Já programava um dia tranquilo, a começar com umas belas panquecas, um treininho e o resto do dia seria passado ao sabor dos meus apetites mais preguiçosos! Tudo óptimo, tudo maravilhoso até um pequenito pormenor: a minha irmã veio a Portugal de fugida e embarcou quando? Esta manhã! Mas quando digo esta manhã, deveria dizer esta madrugada porque saltei da cama às SEIS da manhã! Sim, sim! Primeiro feriado após a suspensão deste dia, o tempo está fresquito e, feita idiota, acordei àquela hora para estar no aeroporto cinco minutos!! Está-me a parecer que lá para as nove da noite já devo estar em modo chouriço, que uma pessoa acorda cedo e até gosta de acordar cedo mas, quer dizer, seis da manhã é mais do que cedo!! Mas prooooonto, vou pôr este rabo a mexer antes que me vingue no chocolate que quero estar bem sossegadita durante a tarde!! Bom feriado pessoas!!