Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

diasdechocolate

diasdechocolate

Podemos não repetir mais isto?

Os incêndios dos últimos meses (ou anos) são algo que mexe comigo como acredito que mexa com (quase) todos os que têm sangue a circular nas veias. Já abordei este assunto diversas vezes, enervo-me de cada que o faço aqui ou falo do assunto com alguém porque…é incompreensível! Sou um verdadeiro zero à esquerda no que diz respeito a incêndios, ordenamento do território e só compreendo o significado do contra-fogo porque alguém me explicou mas sou capaz de jurar que uns 99,8% dos incêndios que deflagraram em florestas e perto de zonas residenciais foram postos. Com mais ou menos consciência e intenção disso. Ainda naquele domingo dramático, com um calor horrível e poeira por todos os lados, a minha vizinha achou que era boa ideia fazer uma fogueirinha no seu terreno que é, todo o ele, circundado por pinhal! Ela já é uma “habitué” nestas lides de fazer fogueiras para queimar lixo (???) ou ervas (???), várias vezes por semana, seja "epoca de incêndios" ou não. Acredito que haja mais casos destes mas não me venham com a treta que o calor e os furacões e as alterações climáticas é que provocam os incêndios. É óbvio para todos que é a nossa negligência que os acende e alimenta. Não há regras para o ordenamento do território e para a proteção da floresta, não existe legislação aplicável para a limpeza de terrenos públicos ou privados e até as estradas têm arbustos quase na faixa de rodagem que dificultam a codução mas isso parece só importar os condutores (sei do que falo, na minha terra há várias estradas de acesso a auto-estradas nesta condição). 

Posto isto, queixamo-nos de quê?!

O meu primeiro recado segue direitinho para todos nós, cidadãos deste país, por várias razões. Quem tem um terreno, nem que seja um metro quadrado de terra, deve perceber que o deve zelar da melhor forma possível e a limpeza do mesmo parece-me assim dos aspetos mais importantes. Para além disto, acho importante educar as pessoas para o respeito da Natureza porque, infelizmente, já é banal ver lixo pelo chão, gastar recursos como papel, plástico ou energia à maluca ou fazer queimadas porque lhes apetece. Todos estes comportamentos são negligentes, sejam eles praticados dentro das épocas permitidas ou não. A proteção do ambiente não deve acontecer apenas no inverno ou quando sentimos que também nos pode acontecer a nós! A propósito disto, há uns tempos o meu pai conversava com o dono de um dos terrenos perto da nossa casa (que o meu pai limpa há anos para evitar riscos) e este disse com todo o orgulho que se (o terreno) ardesse já ficaria limpo e não dava mais chatices! Esta é a mentalidade de alguém que possui uma infinidade de hectares por esse país fora e não consegue ver mais do que o seu umbigo mas que se extende, infelizmente, a alguns elementos da polícia. Há coisa de dois anos, os meus pais contactaram-nos para que estes aplicassem a legislação existente para a limpeza dos terrenos  (vivemos rodeados por pinhais de 3 proprietários diferentes). O cúmulo da estupidez surge quando o comandante da GNR da nossa zona refere, todo o orgulhoso que a legislação estabelece a limpeza de 50 metros em redor de resiências mas a sua aplicabilidade dependeria da sua decisão! Está certinho. Se, porventura, arder algum terreno, quero ver quem assume a responsabilidade do senhor comandante da treta!

Por outro lado, os políticos (também eles cidadãos) e as autoridades são incompetentes e têm muitas culpas no cartório. Não falo deste governo, nem do anterior mas de todos os que permitiram que tantos incêndios deflagrassem no país a ponto de alguém criar a designação de época de incêndios em vez de acionar medidas eficazes para os combater. São lamentáveis todas as vidas que já se perderam, todos os bens que arderam e toda a floresta que se perdeu. É assim desde que me lembro de existir. No momento dos desastres, todos lamentam, todos envergam gravatas negras e declaram luto nacional e até aos funerais das vítimas vão. Depois, "esquecem-se" de agir! Porque é difícil, porque é exigente, porque existem interesses poderosos a comandar tudo isto e porque os incêndios dão lucro a alguém. E o que me assusta é esta perspetiva. Que pessoas são estas que lucram com a tragédia? Que sabor tem o dinheiro quando é ganho com o sacrifício da vida de alguém e dos bens de alguém? 

Fico revoltada com tudo isto mas principalmente quando vejo os discursos políticos sobre a matéria. Contrariamente à maioria, não considerei o discurso do Presidente da República a lufada de ar fresco que tantos reclamavam. É a figura política mais poderosa do país e o homem que pode, de facto, impor mudanças profundas neste assunto. Há 4 meses, vimos uma tragédia grande o suficiente para não se permitir que mais alguém morresse em incêndios ou que se perdessem mais bens ou hectares de floresta. É preciso agir. Ontem, preferencialmente! Algumas medidas já foram lançadas mas, acredito eu, falta o essencial: responsabilizar-NOS. Se todos fizeremos a nossa parte na limpeza de terrenos, na evicção de queimadas e na preservação da floresta, as coisas podem mudar. Vamos lá deixar o discurso habitual e fazer, em primeiro lugar, a nossa função. Só assim podemos exigir de outros e só assim algo pode efetivamente mudar e evitar um país negro e enlutado a cada Verão!

 

outubrodedoismiledezassete

Depois de uma férias forçadas pela falta de vontade de escrever, pelo trabalho inconstante e pelo cansaço, apeteceu-me voltar. Parece que abandonei o barco mas foi mesmo só isso, falta de vontade e disposição para isto e para muitas outras coisas. Para além dos dias de calor e sol, o Verão trouxe-me também a necessidade mais profunda de pensar e refletir sobre a minha vida e o meu futuro, resultado de um cansaço generalizado, de falta de motivação e energia para o dia-a-dia. Sinto-me exausta do trabalho inseguro e explorado e do descaramento de quem emprega, da falta de novidade dos dias e do sentimento de utilidade. Todos nós somos mais que trabalho mas ele representa muito, pelo menos no meu dia: não é apenas a subsistência financeira mas também o desenvolvimento de capacidades, os novos conhecimentos, a interação com outros e aquela coisa de me sentir útil que acho que é comum a tantas pessoas! Sinto falta dos dias frenéticos e cheios de coisas. De sentir que evolui de alguma forma e contribui para a vida de alguém! Tenho uma enorme paixão pela saúde, por perceber a mente e o corpo, por proporcionar saúde e qualidade de vida. Esses são, para mim, os meus objetivos de vida. Quero-o para mim, para os meus e para os outros, daí ser tão determinada com muitos dos alicerces que considero fulcrais para uma vida cheia de saúde.

Apesar de ter concluído o meu curso e de trabalhar na área, acho que a irregularidade dos trabalhos que vou tendo, somada a outros fatores relacionados com o exercício da profissão e o meu desenvolvimento pessoal me foram empurrando lentamente para outros caminhos embora não preveja uma mudança de ramo profisisonal. Não temos de ser o mesmo toda a vida mas há mudanças que implicam bem mais do que vontade e esse é o meu caso. A mudança há-de vir, só que tem de vir com calma e talvez implique outras mudanças de vida que nem sei bem se estarei preparada para as levar a cabo. Gosto de tudo demasiado planeado (ao minuto, às vezes) e sei que isso retira surpresa (e vida) à vida! Fico velhinha a tentar que não me escapem coisas entre os dedos e talvez por esta razão tenha atingido a exaustão física e mental e tenha sido "obrigada" por mim mesma a introduzir algumas mudanças para aceitar e compreender melhor os imprevistos que a vida traz e...relativizar. No dia das eleições americanas e quando tudo apontava que Trump as vencesse, lembro-me que o Obama disse qualquer coisa como "Qualquer que seja o resultado, amanhã o sol voltará a nascer" e também assim é na vida. Com mais ou menos nuvens, com chuva ou trovoada, o sol acaba sempre por nascer e cada dia traz outra oportunidade para aprender. E, muitas vezes, basta mudar a perspetiva para tudo se tornar muito melhor!